terça-feira, 11 de maio de 2010

Jornal O Globo: Bebês brasileiros comem muitos produtos industrializados, indica estudo da Unifesp

Matéria interessante. Quis compartilhar com vocês!!!

RIO - A alimentação das crianças brasileiras com menos de dois anos está repleta de produtos industrializados, indica pesquisa inédita da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O estudo, feito com 270 pais de crianças pequenas, aponta que os bebês estão deixando de ter uma alimentação saudável - ou até mesmo a amamentação exclusiva - e passando a comer alimentos ricos em gorduras e açúcares nos primeiros meses de vida.

Os pesquisadores alertam para a introdução precoce de alimentos industrializados que não deveriam fazer parte de uma dieta saudável em qualquer idade, com destaque para macarrão instantâneo, açúcar refinado, suco de frutas artificial e até mesmo salgadinhos e embutidos. Dados da Unifesp indicam que, entre as famílias com baixa escolaridade, 67% dos bebês experimentaram um dos alimentos citados acima antes dos três meses de idade.

De acordo com Maysa Helena de Aguiar Toloni, nutricionista e autora da pesquisa, os resultados preocupam, já que a obesidade infantil é considerada um problema de saúde pública no Brasil, onde cerca de 10% das crianças apresentam excesso de peso e aproximadamente 20% dos adolescentes estão acima do peso.

- Vale lembrar que 60% das crianças e adolescentes obesos já sofrem de hipertensão e dislipidemia, que é o aumento do nível de gordura no sangue e que está intimamente ligada às doenças coronarianas - afirma a nutricionista.

A ingestão precoce de gorduras e açúcar está associada ao abandono do aleitamento materno e ao baixo consumo de frutas, legumes, cereais e hortaliças.

- Além de esse tipo de alimentação comprometer o crescimento e desenvolvimento infantil, também é comum desencadear processos alérgicos, carências de vitaminas e minerais, obesidade infantil e o surgimento, cada vez mais precoce, das chamadas 'doenças crônicas não transmissíveis' que incluem o diabetes, hipertensão arterial, obesidade, dislipidemias, acidente vascular cerebral, diversos tipos de cânceres, artroses, enfisema pulmonar, entre outras.

Apesar da criança já nascer com a preferência ao sabor doce, o Ministério da Saúde recomenda que a adição de açúcar deve ser evitada nos dois primeiros anos de vida.

A pesquisa mostra que, até os três meses de vida, 31% dos pais afirmaram ter oferecido açúcar ao filho; 49%, chás e, 18%, mel. Até os doze meses, o açúcar atinge o índice de 87%; o chá, 88%, e, o mel, 73%.

- O uso precoce de açúcar faz parte de hábitos culturalmente estabelecidos e utilizados erroneamente pelas mães para 'satisfazer' o paladar da criança. Um exemplo disso é o uso do mel, que é totalmente contra-indicado no primeiro ano de vida devido à imaturidade da flora intestinal e ao risco de favorecer as intoxicações alimentares causadas pelo bacilo Clostridium botulinum, responsável pela transmissão do botulismo intestinal - explica a nutricionista.

Outro dado que chama a atenção é a idade com que as crianças começam a conhecer os refrigerantes: entre o primeiro e o sexto mês de vida, 12% delas já experimentaram. Até os noves meses, esse índice sobe para quase 20% e mais da metade (56,5%) já teve a bebida incluída no cardápio até o primeiro ano de vida.

- Somente depois dos seis meses é que a criança está apta a receber, de forma lenta e gradual, outros alimentos adequados à idade, mas sempre mantendo o leite materno até, no mínimo, os dois anos de idade. Além dos refrigerantes possuírem açúcar, contêm corantes e aditivos químicos e, mesmo em ocasiões especiais, como festas e comemorações, a criança deve receber alimentação especialmente preparada para ela de forma caseira e balanceada, evitando a integração precoce a uma dieta pobre em nutrientes e hipercalórica - completa

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